O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou ainda que o número de mulheres presas aumentou em 27,89%. Em 2010 havia apenas 459 detentas nos presídios femininos da Paraíba, já em 2011, o número saltou para 587.
Mayara da Silva é exemplo de mulher que se envolveu com a criminalidade por causa do companheiro. Aos 19 anos, já está entre as detentas do Centro de Reeducação Maria Júlia Maranhão, penitenciária feminina de João Pessoa, mais conhecida como 'Bom Pastor'.
No local, ela convive há pouco mais de um ano com outras presas da mesma faixa etária, que também tiveram histórias de vidas bem semelhantes.
Segundo a diretora da unidade prisional, Cíntia Almeida, a maioria das quase 400 presidiárias do lugar possui envolvimento com o tráfico de drogas, cujo passaporte para a prática do delito se deu por influência dos companheiros.
Foi justamente o que aconteceu com Mayara. Privada de liberdade, ela conta que está pagando por um crime que não cometeu.
“Cheguei aqui no dia 13 de maio do ano passado. Mas sou inocente. Estou aqui por causa do meu marido, que também está preso. Eu tenho fé em Deus que vou conseguir de volta a minha liberdade. Contudo, eu não guardo mágoa dele, não”, afirmou.
Tatuado no ombro esquerdo, a jovem carrega o nome do ex-marido, que apesar de o desenho estar perpetuado na pele, ela garante não sentir mais amor por ele. “Não quero mais nada com ele. Ele me fez sofrer. No entanto, o que passou, passou. Ficou pra trás. Agora, só quero sair daqui e refazer minha vida”, diz com um discreto sorriso.
De acordo com a defensora pública, Persinandes Carvalho, que possui 25 anos de experiência em acompanhamento dos sistemas penitenciários da Paraíba, o crescimento se deve ao tráfico de drogas, pois é notável que há alguns anos as prisões femininas eram relacionadas à prática de homicídios, roubos e furtos.
Atualmente, essas detenções são motivadas pelo tráfico de drogas. “Apenas no Presídio Feminino Júlia Maranhão (em João Pessoa) temos mais de 200 presas, que em sua maioria possui envolvimento com drogas, principalmente por assumirem o tráfico, no lugar de seus companheiros que fogem, ou que são presos ou ainda assassinados”, observou.
Um caso de assassinato de mulher por causa de envolvimento com o tráfico de drogas que chocou a população pessoense, foi o da jovem Rita de Cássia Gusmão Sales, 20 anos, ocorrido em outubro passado, no bairro Cristo Redentor, em João Pessoa.
A vítima tinha duas filhas pequenas e estava indo deixar uma delas, de apenas dois anos, na creche, quando foi abordada por um homem em uma moto que disparou dois tiros contra a cabeça da jovem, que morreu no local segurando a chupeta da filha entre os dedos.
Segundo a polícia, a criança presenciou o crime, mas não foi atingida, no entanto, apesar da pouca idade, correu em direção à casa e, ao seu modo, avisou aos familiares o ocorrido, reproduzindo o barulho dos tiros. A vítima tinha envolvimento com drogas, assim como o ex-companheiro, que também foi assassinado, em 2011, pelo mesmo motivo.
Jaine Alves-Jornal da Paraiba