É de se aplaudir de pé a genialidade da Cagepa. Enquanto milhares de sertanejos racionam cada gota d’água, medem a quantidade para cozinhar o feijão e se preocupam até com o tempo do banho, a companhia estadual resolveu inovar e criar um novo sistema de distribuição: irrigação asfáltica gratuita. Sim, você não leu errado. Há mais de 15 dias, em Várzea, a Cagepa jorra água potável diretamente no chão quente do asfalto, como se o problema da seca tivesse sido solucionado e houvesse abundância nos nossos reservatórios.
É ou não é uma ironia cruel? No sertão onde cada litro de água vale ouro, vemos litros e mais litros escorrendo sem nenhum pudor. E o cidadão, aquele que paga religiosamente a conta todo mês — com taxas, bandeiras e reajustes —, assiste impotente ao espetáculo da incompetência. O vazamento é um retrato escancarado da ineficiência do Estado, já que a Cagepa é uma empresa pública e, portanto, deveria zelar pelo bem coletivo. Mas o que vemos é descaso e a velha morosidade que parece ser marca registrada da máquina estatal.
Enquanto isso, os bolsos dos consumidores continuam sangrando, pagando caro por um serviço que falha onde mais deveria ser exemplar: no cuidado com o básico. Em tempos de seca, quando reservatórios estão no limite e comunidades sofrem para garantir abastecimento, a Cagepa desperdiça água tratada — água que deveria chegar às torneiras, mas que, por incompetência, acaba alimentando apenas o esgoto ou evaporando no sol quente do sertão.
O Blog Jefte News faz aqui um apelo: que a Cagepa tenha um mínimo de respeito por nós, que somos os verdadeiros financiadores dessa bagunça, e que se sensibilize com a realidade dura que enfrentamos no Sertão. Água não é luxo, é necessidade vital. O desperdício escancarado, mantido por mais de duas semanas, é uma afronta ao povo, ao meio ambiente e à lógica mais elementar de gestão pública.
Se a Cagepa não tem competência para reparar um simples vazamento, que moral terá para cobrar do sertanejo a conta salgada no fim do mês? Afinal, quem deveria ter pena da água que escorre não é o asfalto. Somos nós.