Paraíba tem mais de 3 mil casos de picadas de animais peçonhentos

paraiba-ja-soma-mais-de-3-mil-casos-de-picadas-de-animais-peconhentos-em-2018Mais de 3 mil casos de picadas de animais peçonhentos já foram registrados na Paraíba em 2018. Dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde mostram que de 1° de janeiro a 14 de agosto o maior número de acidentes, 2.633, envolveu escorpiões. Nenhuma pessoa morreu.

Em seguida aparecem as serpentes, que fizeram 317 vítimas. Dessas, três não resistiram. A Saúde garante que mesmo as pessoas que foram a óbito receberam tratamento com soro antiofídico. Ao Portal Correio, a Secretaria informou que as pessoas que morreram, assim como outras 157 vítimas, foram picadas por jararacas. O número corresponde a 50,4% dos acidentes com serpentes.

Ainda até a metade de agosto, 154 pessoas procuraram atendimento após serem picadas por abelhas. Outros insetos (como besouros, marimbondos e formigas) fizeram 100 vítimas. Foram contabilizados ainda 91 casos de picadas de aranhas e 37 de lagartos, além de 102 ocorrências que não tiveram espécies informadas.  

Meses com maiores ocorrências
A reportagem levantou os casos de ataques de escorpiões e serpentes por mês no ano passado. Foi verificado que agosto e setembro foram os períodos em que mais pessoas foram picadas por escorpiões, com 468 e 431 casos, respectivamente. Nos outros meses, os números variaram de 306 a 396. Não houve mortos em 2017 em decorrência do veneno de escorpião.

Quanto às serpentes, os meses com mais registros de picadas foram junho, com 53 casos notificados, e fevereiro, com 50. No restante do ano, os números mensais variaram de 21 a 50. Uma pessoa não resistiu ao ferimento provocado por cobra e morreu no ano passado.

Soros combatem venenos
Atualmente, a Paraíba possui 12 unidades de saúde que oferecem os soros necessários ao tratamento de ferimentos provocados por animais peçonhentos. No entanto, apenas três desses lugares possuem variedade de medicamentos.

Os hospitais com cobertura mais completa possuem os seguintes soros: antilonômico (contra venenos de lagartas de fogo, também conhecidas como taturanas); antiaracnídico e escorpiônico (ambos usados no tratamento de picadas de aranha marrom, aranha armadeira, escorpião marrom e escorpião amarelo); antibotrópico, anticrotálico, antielapídico e antilaquético (cada uma dessas age contra venenos de serpentes de gêneros distintos, como jararacas, cascavéis, corais, cotiaras, entre outras).

Na Zona da Mata, o atendimento é centralizado no Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa. No Agreste, a variedade de soros é administrada pelo Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga. Enquanto no Sertão, a aplicação dos medicamentos acontece somente no Hospital Regional Janduhy Carneiro, em Patos.

Os hospitais regionais de Guarabira, Picuí, Monteiro, Piancó, Cajazeiras, Sousa e Princesa Isabel, além dos hospitais Dr. Américo Maia de Vasconcelos, em Catolé do Rocha, e Sebastião Rodrigues de Melo, em Itabaiana, possuem soro escorpiônico.

A centralização no atendimento por vezes pode dificultar o acesso de moradores de cidades menores ao tratamento adequado. Por exemplo, uma pessoa que seja picada por uma serpente em Picuí teria que percorrer quase 130 km, uma viagem de 2h15, até o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Ou ainda, um sertanejo ferido em Cachoeira dos Índios teria que enfrentar 187 km de estrada, cerca de 2h30, até o Hospital Regional de Patos. Na Zona da Mata, uma pessoa picada em Pilar teria que viajar por 63 km, cerca de 52 minutos.

Em nota ao Portal Correio, a Secretaria de Estado da Saúde justificou que a centralização acontece porque alguns tipos de soros exigem que o manuseio seja feito por profissionais com formação especial. O manejo clínico de acidentes por animais peçonhentos para redes hospitalares de referência no estado foi estabelecido em 2016. “Mesmo diante do desabastecimento (em algumas localidades), todos os acidentes foram atendidos com o tratamento completo dentro dos critérios de avaliação do protocolo do Ministério da Saúde”, assegurou a Secretaria.

A médica infectologista Adriana Cavalcanti, que atende vítimas de acidentes com animais peçonhentos no Hospital Universitário de João Pessoa explica que o procedimento de aplicação do soro exige internação do paciente.

“Depois de uma avaliação médica especializada, o paciente toma uma pré-medicação que prepara o organismo para receber o soro. É necessária internação e que o paciente fique pelo menos 24 horas em observação após tomar o soro”.

Como agir e o que NÃO fazer em caso de acidentes
Embora existam “receitas” populares de como agir em caso de picada por animais peçonhentos, é importante ficar atento: muitas delas não passam de enganosas e algumas podem até agravar ainda mais a saúde da pessoa que sofreu o acidente. Fazer torniquetes; cortar ou espremer o local da ferida; ingerir bebida alcoólica ou querosene; e aplicar substâncias como fumo, ervas e até mesmo urina são alguns dos mitos disseminados pela população.

Por outro lado, são recomendados procedimentos como: lavar o local da picada com água e sabão e procurar atendimento médico rapidamente. Se possível, capturar o animal que provocou o ferimento e levá-lo ao serviço de saúde. Isso ajudará a equipe a definir qual soro é mais indicado ao paciente em questão.

Algumas dicas do que fazer em caso de acidentes podem variar de acordo com a espécie causadora da ferida. Segundo a médica Adriana Cavalcanti, compressas mornas podem aliviar as dores causadas pela picada de escorpião. Para ferimentos provocados por aranhas ou outros insetos, recomenda-se compressa fria. 

Prevenção
A médica ainda dá dicas de como evitar acidentes domésticos com escorpiões. “É preciso chamar atenção para esses casos porque os acidentes são diários, principalmente em dias posteriores a dias chuvosos. O escorpião é um animal que está presente em todos os lugares. O que a gente recomenda é que as pessoas tomem algumas precauções no dia a dia, como observar os sapatos antes de calçá-los, sacudir toalhas de banho antes de usá-las e fechar ralos de banheiros e pias durante a noite”, orienta Adriana Cavalcanti, acrescentando que o escorpião libera todo seu veneno em um único ataque. “Sendo assim, quando menor for a vítima, mais intensos serão os sintomas”.

Fonte:  Amanda Gabriel-Portal Correio