Aplicativo indica na hora da compra se carne é de investigada na 'Carne Fraca'

'Carne Fraca' indica se mercadoria é produzida por empresa investigada pela Polícia Federal (Foto: Reprodução/carnefracaapp.com)Você vai levar papelão para casa?”. A pergunta retórica é o chamado para o aplicativo desenvolvido pelos engenheiros de softwares Caio Paes e Gustavo Pereira, ambos de Campina Grande, que identifica carnes e embutidos produzidos por empresas investigadas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca. O aplicativo, que leva o mesmo nome da operação que apurou irregularidades envolvendo 21 empresas brasileiras no gênero, é gratuito e está disponível para as plataformas iOS e Android.

A megaoperação da Polícia Federal realizada em março deste ano desmontou um esquema de funcionários do Ministério da Agricultura que teriam recebido propina para liberar carne para venda sem passar pela devida fiscalização. A operação aconteceu em 6 estados e no DF, com 35 pessoas presas, incluindo o afastamento de 33 funcionários do Ministério da Agricultura. A possibilidade de que produtos adulterados e até vencidos podem ter ido parar na mesa da população deixou o país em alerta.

Caio Paes, um dos desenvolvedores do aplicativo, comentou que a iniciativa partiu de uma inquietação após assistir a uma reportagem no Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre a operação e principalmente sobre a possibilidade da presença de papelão na carne. “Fui fazer feira aqui em Campina Grande e comecei a ter umas ideias. O pessoal pegava as carnes e colocava de volta no freezer. Todo mundo comentando sobre a operação Carne Fraca e a desconfiança com as marcas que foram divulgadas como investigadas”, explicou.
No mesmo dia, Caio entrou em contato com Gustavo, e ambos começaram a desenvolver o aplicativo que se baseia pelo código de barras dos produtos para indicar se é proveniente de uma das empresas investigadas. O aplicativo Carne Fraca tem cadastrado no seu banco de dados cerca de 150 produtos de empresas investigadas. Embora o foco seja na carne produzida pelas investigadas, o aplicativo aponta também se o produto é desenvolvido por uma não investigada. A análise do código de barras é feita por meio da câmera do celular.

Desenvolvido na época do início da operação, a ferramenta havia sido apresentada a apenas amigos e colegas de trabalho dos dois engenheiros de Campina Grande, mas no início do mês passou a ser divulgada nas redes sociais. “Até agora tivemos poucos downloads. Por ora, 100 downloads pra iOS e cerca de 50 pra Android”, acrescentou Caio Paes.

Para o engenheiro de software, formado pela UFCG, sua intenção é ajudar a melhorar a qualidade de vida por meio da tecnologia. Ele explica que muitas ferramentas podem ajudar a informar melhor a população. “Há muito espaço pra soluções que informam a população, trazem transparência e mais igualdade. O Carne Fraca é mais uma ferramenta desse tipo. É de utilidade pública as pessoas terem acesso à informação sobre os produtos que elas consomem”, finaliza.

Atualizações em breve
De acordo com o engenheiro de software, o aplicativo deve receber novas ferramentas nas próximas versões. Mais informações sobre as empresas investigadas, incluindo as denúncias feitas à Polícia Federal e reportagens com as últimas novidades a respeito da operação. O objetivo é manter o usuário informado também sobre os bloqueios nas exportações dos produtos provenientes de empresas investigadas.

Aplicativo colaborativo
O banco de dados do Carne Fraca foi formado com produtos disponíveis nos supermercados da Paraíba, tendo em vista que os desenvolvedores são de Campina Grande. Mas para Caio Paes, prevendo justamente em um possível nacionalização da ferramenta, foi inserida a possibilidade do usuário do aplicativo cadastrar mercadorias que não constam no aplicativo. Erros e problemas também podem ser reportados pelos usuários.

Utilidade pública
O engenheiro de software acrescentou que a função do aplicativo é ajudar a informar a população através de informações públicas, divulgadas pela Polícia Federal. A possibilidade de expor mais facilmente as empresas investigadas gerou preocupação entre os desenvolvedores do aplicativo. Caio Paes contou que conversou muito com Gustavo Pereira e outros amigos por medo de implicações jurídicas.

“Tomamos o cuidado de não fazer afirmações sensacionalistas ou incorretas no aplicativo. O que contamos pro usuário é, simplesmente, que aquele produto é fabricado por aquela empresa. E contamos se a empresa é umas das listadas na investigação. São dados públicos e que estamos esclarecendo para os usuários”, completou o engenheiro.

Fonte: G1PB