Quase 10% da população residente na Paraíba é composta por pessoas nascidas em outras unidades da federação, mas que escolheram o Estado para viver. Dos 3,9 milhões residentes na Paraíba, 357 mil (9,1%) migraram de outros Estados, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2013 (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número de migrantes na Paraíba cresceu 54,5% nos últimos 12 anos, saindo de 231 mil, em 2001, para 357 mil, no ano passado. Para especialistas, o fato de cerca de 67% dos migrantes serem provenientes de outros Estados da própria região Nordeste, chama a atenção.
Segundo a doutora em Economia, com experiência na área de Economia Regional com ênfase na área de migração, e professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Liédje Siqueira, o maior número de migrantes da Paraíba vem de Pernambuco, com 148.223 pessoas. “Em termos percentuais, isso representa 41% do total de migrantes. O nosso segundo maior fluxo, dentro da região, vem de outro Estado de divisa, o Rio Grande do Norte, com 40.532 pessoas, o que representa cerca de 11% do total da migração”, avaliou.
O estudante Artur Sá, 27 anos, está entre os potiguaras que escolheram a Paraíba para residir. Ele veio cursar publicidade, em João Pessoa. Recentemente graduado, não pensa em retornar para o Rio Grande do Norte. “Vou procurar me estabilizar profissionalmente aqui. Caso não tenha êxito, aí sim é que deverei pensar em retornar pra casa. Por enquanto, Rio Grande do Norte é só para lazer e rever familiares nos finais de semana”, declarou.
Fora da Região Nordeste, a especialista Niédje Siqueira, afirmou que o Sudeste aparece como a segunda região que mais enviou pessoas para a Paraíba. “Os números apontam que cerca de 13% dos migrantes são naturais de São Paulo e 11% são provenientes do Rio de Janeiro”, observou.
A especialista em migração disse que a maioria das pessoas que escolheram a Paraíba no último ano para morar é composta por mulheres. Ao total, são 186.860 mulheres, cerca de 52% dos migrantes, contra 170.385 homens, aproximadamente 48%. São pessoas adultas, com a média de idade de 38 anos. “Já a escolaridade média deste grupo gira em torno de 7,2 anos de estudo para pessoas acima de 10 anos. Este valor é superior à escolaridade média do paraibano que é de 6,4 anos de estudos para este mesmo grupo de referência. Em termos de renda, verificamos que a renda média desses migrantes, com 10 anos ou mais, gira em torno de R$ 900 reais, enquanto para os naturais do Estado este valor corresponde a R$ 697,00”, frisou.
Com base nessas informações, Niédje Siqueira destacou que percebe-se que os migrantes são em média mais escolarizados e ganham mais do que os paraibanos naturais. Esta pode ser a justificativa para explicar a permanência desse público na Paraíba, “a possibilidade de encontrar melhores condições de empregos e salários do que nos seus Estados de origem”.
PARAIBANOS
Em outro cenário, o Pnad 2013 revela que percentual de paraibanos que migraram para outras partes do país é superior ao de brasileiros que residem na Paraíba. Enquanto no ano passado o Estado recebeu 9,1% da população de outras regiões, 28,6% dos paraibanos foram acolhidos em diferentes Estados. Do total de mais de 4,9 milhões de naturais da Paraíba, quase 1,5 milhão (1.430.000) migraram para outros lugares da federação.
Para a especialista, historicamente é comum sair mais pessoas do Nordeste, por questões de emprego, que são mais favoráveis em outras partes do país, “por isso há uma troca desigual de migrantes”.
Fonte: Jaine Alves-Jornal da Paraiba