Rede de fibra ótica irá interligar cidades na Paraíba

A crescente troca de mensagens no ambiente virtual exige novos canais de fluxo de dados, tendo em vista a complexidade de informações que se faz presente na atualidade. A rede de fibra ótica é um desses meios que permite maior tráfego informacional, comparado com o sistema de cabeamento convencional, aqueles disponibilizados pelas operadoras comerciais de internet. De forma metafórica, este novo sistema assemelha-se à substituição de antigas e estreitas ruas, por modernas e largas rodovias, onde os veículos (ou seja, os dados), têm maior espaço para trafegar, em maior qualidade e velocidade. A 'pavimentação' contemporânea, portanto, é realizada através da implantação desse cabeamento ótico.

Anunciada ontem pelo Governo do Estado, no Palácio da Redenção, em João Pessoa, a Rede Metro JP é a 'pupila' na transformação da Paraíba em 'Estado inteligente', capaz de interligar informações em diversos setores públicos, como saúde, pesquisa e segurança. No total são 300 quilômetros de extensão em fibra ótica, abrangendo a Região Metropolitana da capital até a divisa com Pernambuco. O projeto integra um pacote de ações, lançado ontem e que terá R$ 100 milhões de investimentos na área de ciência, tecnologia e inovação.

A previsão é que até julho deste ano, em parceria com a Rede Metro CG, em funcionamento há três anos em Campina Grande, 56 órgãos de ciência, saúde, pesquisa, tecnologia e educação da Região Metropolitana das duas cidades estejam unidas tecnologicamente, compartilhando informações e auxiliando uns aos outros. Até 2014, a previsão é que 57 municípios paraibanos, de João Pessoa a Cajazeiras, devam receber mais de 2.000 quilômetros de fibra ótica.

O projeto, em fase de conclusão, teve seu primeiro teste público realizado ontem, através da videoconferência interligada digitalmente entre o Palácio da Redenção e o Porto de Cabedelo. O vídeo, filmado em tecnologia 4K, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tem definição quatro vezes maior que as imagens em HD (High Definition).

Segundo o professor Cláudio Furtado, presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa (Fapesq), esse tipo de transmissão seria inviável utilizando a rede de transmissão de dados convencional. “Ela tem alta capacidade de transmissão de dados, pode chegar até dez gigabytes, enquanto a internet comercial chega a, no máximo, sete megabytes. A fibra ótica comporta aplicações de alta tecnologia, onde se faz necessário o uso de grande quantidade de dados. Dessa forma, todas as secretarias e órgãos públicos estaduais vão estar capacitados para esse suporte de dados”, disse.

O presidente da Fapesq disse ainda que a Rede Metro JP poderá ser utilizada em diversos setores da sociedade. “Desde a televisão digital, até procedimentos de telemedicina, se faz necessária uma banda larga maior. A população vai ter retorno nos serviços do estado, que vai interligar seus órgãos. Hospitais, por exemplo, estarão interligados. Um exame feito em Cajazeiras pode ser analisado e acompanhado por hospitais de Campina Grande”, exemplificou o presidente da Fapesq.

DESENVOLVIMENTO
De acordo com o presidente da Associação Nacional para a Inclusão Digital (Anid), Percival Henriques, a implantação da fibra ótica representa ganho econômico ao estado. “A Paraíba não pode mais ficar atrasada. Hoje não se pode pensar em desenvolvimento sem conectividade, sem infraestrutura básica de comunicação. Estudos do Banco Mundial estimam que, quando uma cidade recebe infraestrutura de TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), ela tem avanço em 10% de sua economia”, disse.

A interligação dos órgãos públicos traz benefícios diretos e indiretos à população, é o que defende Percival Henriques. “Delegacias vão poder contar com sistemas mais robustos; os pacientes de um hospital do interior vão poder se consultar com um médico de uma grande cidade. São vários os benefícios. Isso não é ficção científica, é uma realidade possível, graças à estrutura básica fundamental para este cenário, que é a fibra ótica”.

INCENTIVO À TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Além da governança eletrônica, ou seja, do uso da tecnologia na prestação de serviços públicos, o pacote de incentivo à ciência, tecnologia e inovação, anunciado ontem pelo governo do estado e que conta com R$ 100 milhões em investimentos, tem outras duas vertentes: no recursos humanos, através da qualificação de pessoal, com incentivo à educação e pequisa; e empreendedorismo, com o incentivo às pequenas e médias empresas de Tecnologia da Informação (TI) na Paraíba.

A ideia é que a nova malha de cabeamento ótico prepare o estado para receber empresas de maior porte, que necessitam de malhas digitais apropriadas para troca de informação complexas e pesadas, abrindo espaço para as empresas privadas investirem na área.

“Empresas grandes precisam de melhor infraestrutura digital. A fibra ótica dá esse aporte, garante a vinda de empresas ao estado”, disse Cláudio Furtado, presidente da Fapesq.

Na solenidade, ainda foram lançados três editais: o DCR, que estimula a fixação de doutores no estado; o PPSus, voltado para o desenvolvimento de pesquisa com o objetivo de melhorar a Rede SUS na Paraíba; e o Redes Digitais da Cidadania, que pretende dar suporte financeiro aos municípios paraibanos onde estão sendo implantados o projeto Cidades Digitais, do Ministério das Comunicações.

Beto Pessoa-Jornal da Paraiba