O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) atualizado ontem pelo Ministério do Trabalho revelou que o balanço de admissões e demissões na Paraíba teve um decréscimo de 7.223 postos somente no primeiro trimestre. O valor representa um retração de 0,96% no mercado de trabalho. Em março foram 3.126 demissões a mais que contratações, sendo 3.523 afastamentos e 397 contratações.
No terceiro mês do ano os setores que mais influenciaram o desempenho negativo foram os da indústria de transformação, com 1.939 demissões, e da agropecuária, com 1.129 demissões. O número registrado no primeiro trimes deste ano é superior ao computado no mesmo período do ano anterior, quando, o balanço do Caged revelou uma taxa de 4.250 postos de emprego a menos no estado.
![]() Setor da agricultura foi o segundo que mais demitiu em março, com 1.129 postos de trabalho fechados, devido, principalmente, ao período de entressafra da cana. Foto: Asplan/Divulgação/D.A Press |
O número de desempregados no primeiro trimestre está associado diretamente a sazonalidade da indústria da cana-de-açúcar na Paraíba, conforme informou Renato Assis, supervisor técnico do Departamento Intersindical Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no estado. "Analisando desde 2003 até o presente momento, o decréscimo nos meses de janeiro, fevereiro e março já é esperado. É nesse período que os produtores de cana-de-açucar iniciam a entressafra", explicou. Ele acrescentou que a economia paraibana segue um calendário definido que pouco se altera com o passar dos anos.
O nível de desemprego no estado se inicia costumeiramente em dezembro, quando atinge o seu ápice, os meses de janeiro, fevereiro e março acompanham a queda no número de postos. O panorama só começa a ser mudado em meados de abril, quando acontece uma inversão. Nos meses seguintes o aclive se acentua.
O secretário dos Assalariados da Federação dos Trabalhadores de Agricultura da Paraíba (Fetag-PB), João Alves, informou que conseguiu negociar junto as empresas a garantia do seguro desemprego para os trabalhadores demitidos do setor da cana. "Iremos no próximo mês a Brasília discutir com o Ministério do Trabalho possíveis alternativas de ocupar ostrabalhadores que ficam sem emprego na entressafra", disse.
O número de desempregados da indústria e da agropecuária afetam diretamente outro setor da economia, o comércio de bens e serviço. O presidente da Federação do Comércio da Paraíba (Fecomércio-PB), Marcone Medeiros, afirmou que o aumento nas admissões nos outros setores aquece diretamente o comércio. "Com mais dinheiro os trabalhadores acabam consumindo um número maior de bens e serviços. Influenciando até na contratação de mais pessoas para o setor do comércio", ressaltou. O comércio registrou um crescimento de 502 postos de emprego no primeiro trimestre deste ano.
Números do país
Março registrou a menor taxa de crescimento do nível de emprego no ano, com um saldo de 92.675 empregos. O resultado também é o mais baixo para meses de março desde 2009 Em março, foram contratadas 1.765.922 pessoas, e 1.673.247 demissões.
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