O secretário executivo de Segurança Pública, Jean Francisco Bezerra, disse os investigadores não descartam qualquer possibilidade, mas a linha de investigação não aponta para esse caminho. Ele disse ainda que não pode revelar nenhuma informações sobre o caso para não comprometer as investigações, mas que em breve será dada uma coletiva sobre o assunto, quando vários pontos serão esclarecidos.
Em relação à criação do Núcleo de Desaparecidos, Bezerra disse que a idéia é criar uma estrutura específica para atender aos casos, de maneira que sejam feitas investigações para saber se existe relação com o crime de tráfico de pessoas. “Vamos criar um núcleo de pessoas desaparecidas para que sejam centralizadas todas as informações do Estado em relação ao assunto e, quando necessário, enviar dos dados para a Polícia Federal”, explicou.
Já Major Fábio (DEM) justificou seu pedido para incluir o caso de Fernanda Ellen na CPI. “Pedi que o caso fosse incluído porque a família precisa de respostas e com a inclusão do caso na CPI, vai receber atenção inclusive da Polícia Federal, que poderá encontrar as respostas que a família precisa”, argumentou major Fábio, questionando: “Que crime perfeito foi esse, que ninguém viu essa menina em lugar nenhum?”.
Os pais da estudante compareceram à audiência. Fábio Cabral, pai de Fernanda, disse que a família tem vivido de maneira vegetativa nesses últimos 90 dias e que a parte mais angustiante é não saber o que aconteceu à menina. “Não ainda temos esperança de que ela seja encontrada com vida, temos muita fé nisso”, disse.
Reunião de Trabalho
Detectar a real dimensão do tráfico de pessoas na Paraíba e no Brasil para orientar na elaboração de um plano de ações que ataquem frontalmente o problema. Esse é o principal objetivo da CPI, presidida pelo deputado federal Luiz Couto (PT).
A Comissão realiza durante toda esta sexta-feira (5) uma audiência pública para ouvir relatos sobre os casos na Paraíba. A inclusão da Paraíba para realização da audiência foi feita após a divulgação de casos de travestis levados do Brejo paraibano para se prostituírem na Itália. O autor da investigação, o promotor de Justiça Marinho Mendes, disse que a sociedade precisa entender que “esse cancro existe em nosso meio e, só assim, tomar medidas para acabar com os casos”.
Existe comprovação de que a Paraíba tem vítimas de quadrilhas especializadas em levar pessoas da Paraíba para se prostituírem ou trabalharem em regime de escravidão na Europa. Entretanto, existe discordância quanto à dimensão do problema no Estado.
Para Luiz Couto, a Paraíba tem grande participação no fornecimento de pessoas, especialmente travestis, para o tráfico. Já o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Eduardo Varandas, disse que o Estado tem registros desse tipo de ocorrência, mas está longe de ser um dos mais preocupantes. “Não existe limite tolerável para esse tipo de crime, mas não tem como compararmos a Paraíba com Goiás e outros estados, onde o problema é gravíssimo”, explicou Varandas.
O promotor de Justiça Marinho Mendes, disse que o começo de todas as investigações é a denúncia da família e que por isso é preciso criar estruturas oficiais que facilitem essas denúncias. “O caso dos travestis começou com uma denúncia e quando começamos a ir atrás das histórias, o caso se mostrou muito mais amplo”, disse.
Mães na Dor
Também esteve presente na audiência um grupo de mulheres de João Pessoa que perderam seus filhos de maneira violenta. O Grupo de Apoio Mães na Dor aproveitou a presença da imprensa para pedir Justiça. “Quando meu filho foi assassinado, a dor se tornou suportável porque eu fui abraçada por pessoas que nem conhecia e agora eu faço parte do grupo e estamos consolando a mãe de Fernanda”, explicou Liana Paiva.
Ela disse ainda que no Brasil a dor de perder pessoas queridas para a violência se torna maior por causa da frustração de não ver os responsáveis sendo levados à Justiça. “No Brasil a Justiça não acontece espontaneamente, precisamos brigar muito por ele e isso nos desgasta mais ainda”, disse Liana.
Portal Correio