As Forças Armadas ocupam atualmente o terceiro lugar no índice de confiança dos brasileiros. O resultado é da pesquisa de Índice de Confiança Social do Ibope, que mede a credibilidade das instituições brasileiras, divulgada no último dia 7.
Para Brasil, cuja identidade com os militares era algo pesado nos anos da ditadura militar (1974-1985), a notícia é muito boa. Na opinião dos brasileiros, no quesito credibilidade, as Forças Armadas perdem apenas para o Corpo de Bombeiros e para igrejas.
Na opinião de José Bezerra Menezes Neto, oficial do Centro de Comunicação Social do Exército, o bom desempenho das tropas brasileiras no comando da missão de paz no Haiti está relacionada à boa colocação das Forças Armadas no ranking.
O primeiro militar a comandar a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), o general da reserva Augusto
Heleno, também avalia que a força de paz tenha grande peso.
- Não tenho dúvidas que é um dos fatores importantes, mas não é o único. O Exército brasileiro é muito profissional, não tem envolvimento com o tráfico, com corrupção. Ele serve ao Estado e todo esse conjunto contribui com a credibilidade.
Segundo o general, o Haiti tem outro grande fator para o sucesso das tropas: a de treinamento. Graças ao envolvimento do Brasil no país caribenho, foi possível desenvolver e restabelecer diversas condutas e estratégias militares, segundo Heleno.
- Do ponto de vista militar a missão tem sido muito vantajosa. É uma oportunidade de conseguir mais recursos, mais de 16 mil oficiais já tiveram a oportunidade de ser adestrados, é uma grande escola para oficiais menores, que não teriam como ter esse tipo de treinamento no Brasil.
- Eu acho que nós colhemos muitos ensinamentos, principalmente na segurança pública. As UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) foram uma adaptação do trabalho que fizemos no Haiti. Só esse ganho já valeria a nossa missão.
Retirada das tropas
O ministro da defesa, Celso Amorim, demonstrou interesse em começar um processo de retirada das tropas. Ainda que seja um grande laboratório para o Exército, os dois oficiais concordam que o tempo de sair do Haiti se aproxima. O coronel Menezes concorda com o posicionamento.
- A minha opinião é de que deve ser pensada a saída
Já general explica que essa é uma decisão política, e não militar.
- A missão é grande e um grande cartão de visitas da diplomacia brasileira, talvez seja bom sair “por cima”. Agora, o fato de estarmos saindo não quer dizer que a missão de paz acabará, seremos substituídos por outros países.
As tropas brasileiras só sairão por completo da Haiti se houver uma decisão do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, ainda que seja aprovada, a retirada deverá demorar alguns anos para que o Haiti se veja livre de intervenções militares. O general Heleno lembra que “outras missões de paz foram malsucedidas por conta da pressa em sair do país”.
Para ele, o ideal seria ir gradualmente mudando as características das tropas, trocando militares por policiais, enquanto se estimula uma atividade econômica.
- O Haiti ainda não é um país viável.
R7