Paraíba 2026: Eleição ou festival de herança política?

A Paraíba parece destinada a viver no eterno ciclo do “mais do mesmo”, onde a democracia vira quase um evento de herança familiar. Enquanto o povo pede mudança, a política responde com sobrenomes repetidos, discursos reciclados e votos que, não por coincidência, sempre beneficiam os de cima. E assim seguimos, entre blindagens, anistias e promessas de renovação que nunca chegam.

Primeiro foi a PEC da Blindagem, aquela que protege políticos mais do que colete salva-vidas. Depois, a pressa em votar a Anistia dos Baderneiros, os mesmos que, inconformados com o resultado das urnas, decidiram que quebrar órgãos públicos era argumento político. Até aí, nada de novo: o que chama atenção é que os votos de apoio a essas medidas saem justamente das mãos dos sobrenomes que hoje se apresentam como a “solução” para governar a Paraíba.

Vejamos: Aguinaldo Ribeiro, deputado federal e tio do atual vice-governador Lucas Ribeiro, já pré-candidato ao Governo do Estado. Mais um capítulo do livro “A política como herança de família”. Depois temos Mersinho Lucena, filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que, sem surpresa, também se coloca como pré-candidato. Na sequência, o nome Murilo Galdino, irmão do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, que igualmente sonha com a cadeira de governador. Murilo, aliás, é um caso à parte: votou com entusiasmo pela blindagem, mas quando chegou a vez da anistia... silêncio. Ironia? Coincidência? Talvez apenas estratégia.

E o senador Efraim Filho? Esse ainda não teve a chance de registrar seu SIM, mas quem acompanha entrevistas e discursos sabe que é só questão de oportunidade. Ele mesmo já deixou claro que veste a camisa quando o tema é proteger a classe política ou agradar setores que pedem anistia. No fim, sua posição é previsível: o SIM apenas aguarda o momento certo para sair da gaveta.

E o eleitor paraibano? Será que também vai apertar o SIM em 2026? Porque escolher qualquer um desses sobrenomes significa, na prática, contribuir para o mesmo enredo: blindagens que fortalecem políticos em detrimento da justiça e anistias que premiam quem desrespeitou a democracia. É como se o eleitor fosse chamado não para mudar, mas para confirmar — como quem assina embaixo de um contrato que nunca leu.

A propaganda vai dizer que é renovação. O palanque vai falar em compromisso. As entrevistas vão prometer futuro. Mas, olhando com um mínimo de ironia, parece mais uma reunião de família do que uma eleição. A Paraíba precisa mesmo de uma quinta candidatura independente não só por opção, mas por sobrevivência democrática. Porque, do jeito que vai, 2026 corre o risco de ser menos sobre propostas e mais sobre quem herda o próximo sobrenome no Governo do Estado.

E, no fim, fica a pergunta debochada, mas necessária: o eleitor vai aceitar ser coadjuvante nesse teatro de blindagens e anistias, ou vai finalmente quebrar o ciclo e apertar um NÃO que ecoe mais alto que todos esses SIMs?

FONTE: BLOG JEFTE NEWS