Carne Fraca: veja as principais perguntas e respostas sobre o caso

Em meio a notícias que parecem irreais, como carne bovina misturada a papelão, o EXTRA levantou as principais perguntas que podem estar rondando os consumidores neste momento. Veja abaixo as respostas dos especialistas.

Na sexta-feira, a Polícia Federal deflagrou a Operação Carne Fraca, que investiga 21 frigoríficos suspeitos de participação em um esquema que liberava carnes sem a fiscalização adequada para venda fora e dentro do Brasil. Esses produtos apresentavam uma série de irregularidades na produção e no armazenamento.

Hoje a Vigilância Sanitária do Rio voltará aos supermercados para fazer inspeções em carnes e também em empanados de frango, linguiça, salsicha, mortadela e carne moída.

Embutidos de carcaça
Auditor do Ministério da Agricultura que denunciou à Polícia Federal o esquema de fraudes que desencadeou a operação Carne Fraca, Daniel Gouvêa Teixeira afirmou ontem ao programa “Fantástico” que encontrou uma série de irregularidades no frigorífico Peccin, de Curitiba, incluindo o uso de carnes estragadas nos embutidos, como mortadela e salsicha. De acordo com ele, a empresa também aproveitava carcaça de frango, em quantidades acima do permitido.

Segundo ele, o aproveitamento pelo Peccin incluía “carnes estragadas, fora de validade, fora de refrigeração, em putrefação mesmo”.

Daniel denunciou a empresa à Superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná, mas acabou afastado da fiscalização do frigorífico, que também usava, segundo ele, ácido sórbico para enganar o consumidor.

— Esse descontaminante é misturado para mascarar odores e características de carne podre — disse ele.
Após deixar de vistoriar o Peccin, ele passou a fiscalizar o frigorífico Souza Ramos, no Paraná. A empresa passou a fornecer em 2014 salsicha de peru para a merenda de alunos de escolas públicas do estado. Mas o alimento, segundo ele, não tinha nada de peru, somente carcaça de frango, além de açúcar, sal e carboidratos acima do permitido.
Apesar das denúncias, Daniel disse que a cadeia produtiva do Brasil é uma das mais organizadas do mundo e o que falta é fiscalização. Todos as empresas negaram as irregularidades à reportagem.

Aperto na fiscalização
Dois dias depois de deflagrada a Operação Carne Fraca, o governo montou ontem uma ofensiva para tentar conter os efeitos do escândalo sobre o mercado internacional e o consumidor interno. Após uma série de reuniões no Palácio do Planalto, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, classificou como exagerada a “narrativa da Polícia Federal”, o que, segundo ele, gerou “fantasias”. No entanto, ele anunciou um aperto na fiscalização do 21 frigoríficos suspeitos e prometeu identificar os lotes vendidos por essas unidades. E, para comprovar a qualidade da carne nacional, o presidente Michel Temer convidou os embaixadores de 33 países compradores do produto para irem com ele jantar numa churrascaria.

O governo adotou o discurso de que o problema foi inflado. A preocupação é que um esclarecimento sobre o real tamanho do problema seja disseminado dentro e fora do país para evitar uma crise. O Brasil responde por 7% do mercado mundial de alimentos. No ano passado, as exportações de frango e carne bovina somaram US$ 10,3 bilhões.

Em seu discurso para os embaixadores, Temer afirmou que, das 4.837 unidades frigoríficas que o país tem, a suspeita recai sobre apenas duas dezenas delas.

— O que está sendo investigado não é o sistema de defesa agropecuária brasileira, mas alguns poucos desvios de conduta — disse Temer.
Fonte: Extra