Preso na Operação Lava Jato. Ex-senador diz que agia em nome de Vital do Rêgo ao ‘chantagear’ donos de empreiteiras

Resultado de imagem para ex-senador Gim Argello e vitalzinhoO ex-senador Gim Argelo, preso pela Operação Lava Jato, foi acusado em delação premiada feita pelo empresário José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, à força-tarefa de procuradores da República, de chantagear empreiteiras para não serem envolvidas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), comandada à época pelo ex-senador Vital do Rêgo Filho, atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

De acordo com matéria da revista Época, José Antunes informou que Gim Argello pediu R$ 5 milhões com a promessa de proteger a empreiteira das investigações e fez questão de dizer que falava em nome também de Vital do Rêgo Filho.

Resultado de imagem para ex-senador Gim Argello e vitalzinhoO ex-senador Vital do Rêgo enviou, via assessoria de imprensa, a mesma nota oficial usada para se defender de acusações feitas pelo senador Delcídio do Amaral em sua delação. “O ministro informa que sempre conduziu os trabalhos na presidência da Comissão de maneira imparcial e em respeito aos princípios constitucionais, privilegiando as decisões democráticas dos membros do colegiado”, diz a nota.

Em abril de 2014, a Lava Jato estava na rua havia menos de um mês. De saída, os empreiteiros se organizaram para tentar impedir que as investigações chegassem a eles. Léo Pinheiro, um dos donos da OAS, procurou o colega Antunes no aeroporto de Brasília. Disse que estava em formação um “pool” de empresas que fariam “doações” para barrar a atuação da CPMI da Petrobras, que seria instalada dali a dois meses. Antunes anotou o teor da conversa, mas delegou a decisão a seu sócio, Gerson Almada, responsável por cuidar dos assuntos relacionados à Petrobras na Engevix. Em julho de 2014, Antunes foi procurado pelo lobista Júlio Camargo “algumas vezes”. Num desses telefonemas, Camargo convidou Antunes para tomar uma “gim tônica” em Brasília. Era a senha. O convite era para uma conversa com Gim Argello.

Antunes apresentou aos procuradores registros da viagem a Brasília, entre os dias 30 e 31 de julho. O encontro com Gim aconteceu no fim da tarde, na casa do ex-senador no Lago Sul, área nobre da capital. Participaram da conversa dois assessores de Gim – um deles é Paulo Roxo, réu na operação Caixa de Pandora e notório operador financeiro do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Entre as empresas que toparam colaborar, “Gim citou expressamente as seguintes: Odebrecht, UTC, OAS, Toyo, Mendes Júnior, Camargo Corrêa e Galvão”. Diante da hesitação de Antunes em pagar a propina, por causa da crise financeira pela qual a Engevix passava, Gim disse que “se Antunes não quisesse colaborar, outra empresa poderia colaborar em seu lugar”. Paulo Roxo passou a ligar insistentemente para Antunes, cobrando uma posição. Antunes consultou os sócios para decidir o que fazer e, segundo ele conta aos procuradores, a Engevix optou por não pagar a propina a Gim Argello. Antunes ainda foi procurado mais algumas vezes pelos assessores do ex-senador. Com o tempo, Gim desistiu e os contatos cessaram.

O advogado de Gim Argello, Marcelo Bessa, não quis comentar o conteúdo da proposta de delação de Antunes.

Por: Rebeca Carvalho - Blog do Gordinho -  Com Época