Cresce em 189% casos de focos de incêndio na Paraíba

O número de focos de incêndio na Paraíba em agosto e setembro deste ano ultrapassou em 189,2 % o registrado no ano passado. As informações estão disponíveis no site do Monitoramento de Queimadas e Incêndios, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nestes dois meses de 2013, o satélite da unidade detectou 28 focos, enquanto que em 2014, a quantidade foi de 81. O mês de agosto foi o que apresentou maior aumento, de três para 31 focos – um crescimento de 900%. Em setembro, o avanço foi de 104 %.

De acordo com o presidente da Associação Paraibana dos Amigos da Natureza (Apan), Antônio Augusto Almeida, se for levado em consideração o período anormal de chuvas no Litoral e no Agreste paraibano em 2014, que foi superior ao dos anos anteriores, é possível identificar o Sertão como o local em que a maior parte dos incêndios vêm ocorrendo.

“Muitos desses focos têm origem por falta de educação ambiental da população rural. As pessoas ainda continuam praticando a coivara, que é queima da vegetação para limpar o terreno e realizar o plantio de outros produtos agrícolas, algo proibido por leis e decretos. Isso, além de ser ruim, mostra a falta de ação do órgão ambiental responsável por fiscalizar e levar a conscientização para essas pessoas que é a Sudema (Superintendência de Administração do Meio Ambiente)”, afirmou.

“Essa é uma tradição antiga que permanece até nas próprias usinas, que incendeiam os canaviais sem controlar o fogo. O resultado são chamas que costumam se prolongar para as margens das rodovias e estradas, não só prejudicando a fauna e a flora, como também provocando uma fumaça que pode causar acidentes entre os motoristas”, acrescentou Almeida.

Para comentar os dados e a atual situação, a reportagem do JORNAL DA PARAÍBA procurou a assessoria de comunicação da Sudema, que informou não dispor dos contatos dos responsáveis pelas fiscalizações, além de não dar detalhes a respeito das atividades da superintendência. Já o Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), outro órgão que tem ações voltadas para o controle do desmatamento, frequentemente associados às queimadas, também foi consultado.

Segundo o chefe da divisão técnica ambiental do instituto, Alexandre Parente, operações para monitorar os incêndios são realizadas duas vezes por ano no Alto Sertão. “Na Operação Borborema, usamos as imagens de satélite, verificamos os focos de calor e vamos para desembargo e autuação. Isso costuma ser feito no começo e no fim do ano. Para o final de 2014, estamos apenas esperando a aprovação de recursos”, explicou.

Parente fez questão ainda de mencionar a existência de queimadas liberadas pelo Estado. “As que acontecem no Litoral tem a ver com a queima de cana, principalmente na região de Santa Rita e Mamanguape, controladas pela Sudema. É ela quem autoriza e fiscaliza. O Ibama só atua quando envolve desmatamento”, frisou.

BOMBEIROS
Conforme o comandante do 5º Batalhão do Corpo de Bombeiros, com sede em Cajazeiras, e da 3º Regional, que abrange a área do Sertão paraibano, tenente-coronel Marcelo Araújo, o aumento nos casos de incêndio a vegetações é uma realidade na área. “Estamos empenhados em capacitar e treinar os oficiais para diminuir este tipo de incidente. Dois oficiais nossos, inclusive, foram para Brasília realizar um curso de combate a incêndios florestais e aprenderem as técnicas usadas por corporações de referência”, ressaltou.

Sobre o Litoral, o comandante do 1º Batalhão e da 1ª Regional, tenente-coronel José Jobson, também garantiu haver preocupação e atuação constante da instituição. “Não há como se fazer um trabalho de redução de focos de incêndio a curto prazo. Isso depende de vários fatores”, disse. “Além de treinamento, aumentando a quantidade de viaturas em João Pessoa para que elas possam focar nisso”, complementou.

 De janeiro até setembro, foram contabilizados 199 casos de queimadas em todo o Estado. Já no mesmo período de 2013 foram notificados 91 focos, o que representa um acréscimo de 118,6 %. Além de agosto e setembro, os meses de janeiro e março foram as épocas com maior incidência (75 e 18, respectivamente), enquanto junho e julho apresentaram redução considerável, com um caso registrado em cada. No Brasil, até o momento, foram 115.441 focos de incêndio, número acima do apresentado no ano anterior, que foi de 70.037.

Fonte: Phillpe Xavier-Jornal da Paraiba