Quando Jô Soares, com aquele hábito de humorizar a participação do seu convidado mencionava ser a primeira vez a conversar com um pinto, “Tem pinto bom de papo”, retrucou o sanfoneiro.
Entre risos, cumprimentos e demonstração de afeto mútuo, podemos apreciar histórias engraçadas e conhecemos as dificuldades vencidas pela força do talento nato do músico, para alcançar essa visibilidade, que hoje goza, o sertanejo que trocou a enxada com a qual limpava mato, no campo das terras semiáridas do sertão paraibano, pela Sanfona Branca, lhe presenteada por Luiz Gonzaga o Rei do Baião.
“Para conseguir o dinheiro de comprar a minha primeira sanfona tive que fazer uma caieira de 40 milheiros de tijolos e vender ao construtor João Nunes, pai de Elba Ramalho, pois já tinha aprendido a tocar com a sanfona de Baiano de Conceição, que sempre raiava comigo, dizendo desafinar sua sanfona”, contou Pinto.
Pinto também contou da “surra” que ganhou do Pai, quando deixou de limpar o mato no roçado para assistir o show de Luiz Gonzaga na cidade de Conceição e do seu encontro com o Rei do Baião, no Tênis Clube de Patos, onde tocava em uma festa universitária. Nesse encontro, aconteceu o contato que levou Gonzaga a confiar no seu talento e juntos caminhar Brasil à fora alegrando grandes plateias ao som do forró e do Baião.
Certa vez Pinto teve que tocar New York, New York na sanfona quando viu a morte, no brilho da navalha de uma enorme faca-peixeira, em um “forró bem fechado” no Vale do Piancó.
Pinto teve grande emoção ao tocar o seu sucesso ‘Neném’ em coro pela plateia, deixando a música ser conduzida sem a sua voz. “Coisa linda!”, retrucou convencido do reconhecimento.
Rita Bizerra-opbnews
Jornalista/DRT-3336-PB