
Mas pior deste quadro é que, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as cidades de Santa Rita (-4.825) e Mamanguape (-1.343) foram especialmente prejudicadas. Juntas, elas concentraram 88,5% (-6.168) do total do saldo negativo do Estado no período até abril.
Em comparação com os mesmos quatro meses do ano passado, tanto uma quanto a outra elevaram o nível desligamentos. Santa Rita havia registrado até abril de 2012 um acumulado de menos 3.774 carteiras assinadas, já Mamanguape contabilizou um saldo de menos 1.138 postos. Somados estes saldos, chega-se a um resultado 26% menor do que o somatório deste ano.
De acordo com o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Álcool da Paraíba (Sindalcool), Edmundo Barbosa, as duas cidades concentram atividades do setor sucroalcooleiro e é sazonal que existam mais demissões do que contratações no período de entressafra. “Isto acontece principalmente em janeiro e fevereiro. Mas, por causa das incertezas da seca, realmente, tivemos um número menor do que o esperado no quadrimestre”, comentou.
E tiveram mesmo. No quadrimestre deste ano, o volume de desligamento nas duas cidades está fortemente concentrado na indústria de transformação, ou seja, nas usinas (-3.803) e na agropecuária (-2.299). Estes números comprovam o que foi constatado pelo presidente do Sindalcool e reforçam a ideia de que a estiagem atingiu em cheio os produtores de cana que não puderam contratar mais.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Renato Silva, explicou que Santa Rita e Mamanguape sempre são responsáveis por uma parcela grande das altas e das baixas do saldo de empregos paraibano. “É esperado. Mas a partir de agora, é preciso observar a retomada deste saldo que deverá acontecer no segundo semestre, mas não com a mesma força dos anos anteriores”, comentou.
Sobre as perspectivas para julho e agosto, Edmundo Barbosa também não foi tão otimista. “Com a volta das chuvas, houve a retomada do plantio e as contratações começam a acontecer, mas os resultados dependerão do clima, mas também da demanda do mercado”, pontuou.
Das 14 maiores cidades contabilizadas pelo Caged no Estado, apenas quatro registraram saldo negativo até abril. Além de Santa Rita e Mamanguape, Guarabira (-127) e Sapé (-30) entraram na lista.
SUBSÍDIO
O setor sucroalcooleiro deverá receber subsídio do governo federal na produção de cana perdida e de etanol produzida. A ajuda de R$ 70 milhões para o setor e a preferência do consumidor por abastecer com o combustível – uma vez que o etanol anidro na gasolina aumentou de 20% para 25% a taxa de mistura na gasolina neste mês – podem mudar o quadro do desemprego nas usinas e na colheita este ano.
“Primeiro o subsídio ainda não chegou, estamos na expectativa, mas ele deve sim estimular mais contratações, embora esta não deva ser a proposta primeira das empresas. O setor busca hoje não contratar, necessariamente, mais pessoas, mas otimizar sua mão de obra e dar preferência a qualificação”, concluiu Edmundo.
CALL CENTER PUXOU EMPREGOS EM JP
Entre os municípios que geraram mais empregos na Paraíba de janeiro a abril, o destaque ficou por conta de João Pessoa (1.787 postos). A cidade contabilizou um saldo disparado frente às demais como Bayeux (207); Campina Grande (189) e Sousa (173) e Cajazeiras (118). Porém, o saldo do quadrimestre na capital foi fortemente influenciado pelo setor de serviços, com as admissões do 'call center'. “Os serviços médicos e a administração de imóveis geraram também empregos no período”, completa o economista do Dieese, Renato Silva.
Maria Livia Cunha-Jornal da Paraíba