O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem dados de uma pesquisa do Cadastro Central de Empresas (Cempre) que mostram a Paraíba como estado líder na taxa de sobrevivência das empresas entre os estados da região Nordeste. Os números da pesquisa são relativos ao período entre os anos de 2008 e 2011. Neles, consta que o Estado paraibano atingiu uma taxa de sobrevivência de 88,8%, o que significa dizer que do total das 27.384 empresas com pessoal assalariado que entraram na Paraíba no período, mais de 24.308 permaneceram no mercado.
A Paraíba superou Sergipe, que liderava o índice na região no ano passado e que neste ano caiu para a quarta posição (87,7%), sendo superado pelo Ceará (88,7%) e o Piauí (88,5%). (veja o quadro completo). Em 2010, a Paraíba tinha uma taxa de 77,1% de empresas sobreviventes, enquanto Sergipe liderava com 77,2%. A taxa de sobrevivência da Paraíba também ficou acima da média da região Nordeste (87,3%) e próxima da média nacional (89%).
Diante dos números, o economista e presidente do Programa Paraibano de Qualidade (PPQ), Rafael Bernardino, lembra que a “mortalidade” de empresas geralmente é maior entre os empreendimentos novos. “Por esse motivo, a melhoria do índice pode ser atribuída a uma menor disposição dos paraibanos para o empreendedorismo, ou seja, para abrirem novas empresas”, comentou.
Já Antonio Felinto, gerente da agência do Sebrae em Campina Grande, atribui o bom desempenho do Estado na pesquisa ao amadurecimento da classe empresarial paraibana. “A capacidade empresarial é fator determinante. O empresariado do nosso Estado está mais bem preparado, tem buscado mais conhecimento e aperfeiçoamento e isso faz a diferença no que diz respeito às habilidades para lidar com as nuances do mercado”, salientou.
Na avaliação de Antonio Felinto, “os empresários paraibanos estão mais focados nos seus negócios, têm buscado inovação, se modernizado e isso só soma para o processo de prolongar a vida da empresa. O mercado paraibano também possui muitos segmentos em crescimento e as empresas estão aprendendo a estudar bem o perfil de sua clientela, de modo que têm conseguido atender bem ao seu público em cada segmento. Em suma, o bom desempenho das empresas é resultado de muito trabalho”, frisou.
Para Rafael Bernardino, o baixo crescimento da economia nos últimos dois anos e de vendas mais fracas vai estabelecer uma conjuntura econômica "que será um teste forte para as empresas permanecerem ativas. Os empresários devem ser persistentes para manter os seus negócios funcionando. A redução do crescimento da economia não deve ser motivo suficiente para que os empresários desistam dos seus negócios. O faturamento pode até cair um pouco, mas não a ponto de inviabilizar os negócios. Desde que os empresários tenham controle geral adequado, a exemplo de controle dos custos, conhecimento sobre o seu fluxo de caixa e política de vendas bem planejada.
Quando não se sentir seguro para implementar tais controles deve contratar consultoria especializada para assessorar na implantação de tais controles”, orientou.
NAS REGIÕES
Segundo dados da Cempre, as regiões Sul (90,1%) e Sudeste (89,7%) foram as que apresentaram as maiores taxas de sobreviventes, acima da média nacional (89,0%). Já as regiões Centro-Oeste (87,4%%), Nordeste (87,3%) e Norte (85,4%) registraram as menores taxas de sobrevivência.
Com relação às unidades da federação, Santa Catarina (90,6%) e Rio Grande do Sul (90,4%) e São Paulo (90,2%) apresentaram as maiores taxas de sobrevivência. Já Amapá (82,6%)e Acre (83,3%) tiveram as menores taxas.
EMPRESAS SOMARAM 51,5 MIL, DIZ IBGE
Em 2011, a Paraíba fechou com um número total de 51.545 empresas ativas, praticamente o mesmo de 2010 (50.929), mas o número de empresas que entraram foi menor que o ano anterior. O número de empresas que entraram atingiu 10 mil em 2011 (19,4%), enquanto em 2010 o número de empresas foi bem maior: 11,6 mil (22,9%).
As empresas que fecharam também em 2011 (9,4 mil) foram bem mais do que no ano de 2010 (7.485).
Já o Cempre constatou um número maior de pessoas ocupadas em 2011 (311,5 mil), mas acima do ano anterior (283,3 mil).
De acordo com a pesquisa da Cempre de 2011, o comércio e reparação de veículo concentrou 61,16% do total das empresas (31.539). Já a indústria de transformação (4.225) e a construção (2.454) vieram em seguida com número bem maior.
NO PAÍS
No país, o Cempre manteve também estável o contingente empresarial na casa de 4,5 milhões de empresas ativas, o mesmo de 2010, segundo a pesquisa Demografia das Empresas divulgada nesta sexta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A idade média dessas empresas teve um ligeiro aumento, passando de 9,7 anos para 9,8 anos, mas a taxa de saídas do mercado apresentou elevação.
As saídas totalizaram 19,0% (864 mil empresas). Em 2009, representaram 17,7% e em 2010, 16,3%. Do total de empresas ativas em 2011, 80,8% (o equivalente a 3,7 milhões) eram sobreviventes, como são qualificadas pelo instituto as companhias que permanecem no mercado, e 19,2% eram entradas (871,8 mil), correspondendo a 14,6% de nascimentos (660,9 mil) e 4,6% de reentradas (210,9 mil).
De 2010 para 2011, quase todas as seções de atividade, com exceção de agricultura; informação e comunicação; atividades imobiliárias e saúde humana apresentaram queda nas taxas de entrada de companhias no mercado. No período 2008-2011, os maiores ganhos nas taxas de entrada foram observados em construção (2,4 pontos percentuais) e atividades imobiliárias e outras atividades de serviços (1,7 ponto percentual). Já as maiores perdas nas taxas de entrada foram verificadas nas seções de eletricidade e gás e artes, cultura, esporte e recreação (-0,5 ponto percentual).
As empresas sobreviventes destacaram-se ainda no pessoal ocupado total (94,6% de 39,3 milhões de pessoas), no pessoal assalariado (97,0% de 32,7 milhões de pessoas) e nos salários pagos no ano (98,9% de R$ 660,2 bilhões).
As empresas que entraram em atividade em 2011 foram responsáveis por um acréscimo de 5,4% no número de pessoal ocupado total, de 3% no pessoal ocupado assalariado e de 1,1% nos salários e outras remunerações.
Fonte: Tatiana Brandão-Jornal da Paraiba