Acordar sufocada, com dores nos pulmões e com falta de ar são os sintomas que afetam a estudante Francielle Matias pelo menos uma vez ao mês. Embora ainda não tenha procurado um médico, a estudante suspeita que sofra com asma, uma das doenças que compõem as chamadas “bronquites crônicas”. Se não tratadas corretamente, esses tipos de doenças podem trazer complicações graves e levar à morte. Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), até a semana passada, 592 pessoas morreram no Estado vítimas de asma, bronquite, enfisema pulmonar e outras doenças respiratórias.
Considerando os primeiros sete meses do ano, os óbitos em decorrência dessas doenças passaram de 553, em 2012, para 589 este ano. Em 2012, 998 pessoas morreram vítimas de bronquite, enfisema pulmonar ou asma. Com um histórico de problemas respiratórios na família, principalmente a asma, a dona de casa Euclicéli de Oliveira leva constantemente o filho, de dois anos e meio, com falta de ar para o Hospital Pediátrico Arlinda Marques, em João Pessoa.
“Desde que nasceu que ele tem esse problema, passou até três dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Minha mãe teve asma quando era criança, eu e minha irmã também tivemos. Por isso, tem que cuidar direito para não ficar grave”, disse a dona de casa.
Assim como o bebê de Euclicéli, a asma é mais comum em crianças, segundo os médicos. A doméstica Lúcia Bezerra disse que o filho sofreu com o problema ainda nos primeiros anos de vida e só ficou curado aos sete anos. “Foram muitas idas ao hospital e muito gasto com remédio, mas ele ficou bom e não sente mais nada”, comemorou.
No caso da bronquite e do enfisema pulmonar a ocorrência é mais comum em adultos. “Em 90% dos casos, as chamadas bronquites crônicas atingem os adultos e são provocadas pelo tabagismo. O enfisema pulmonar também está ligado ao cigarro.
Nesses dois casos, a pessoa só sente uma melhora se parar de fumar”, alertou o pneumologista Sebastião Oliveira.
Ainda de acordo com o médico, no caso do enfisema pulmonar a doença não regride, mas fica “estacionada”. “A doença fica 'adormecida', mas não desaparece. Se a pessoa seguir a medicação corretamente e, no caso de fumantes, parar de fumar, ameniza os sintomas”, explicou.
Já a asma, quanto tratada desaparece. Para evitar alergias e que a doença acometa as crianças, os especialistas alertam que é necessário manter a casa livre de mofos, poeira e ainda exposição a mudanças bruscas de temperatura.
ASSISTÊNCIA PRIMÁRIA É FEITA ATRAVÉS DOS PSFs
Em João Pessoa, a assistência primária aos portadores de problemas respiratórios é prestada através das 180 unidades do Programa de Saúde da Família (PSF). Em casos mais graves, o paciente é encaminhado para um especialista do Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais), que são órgãos que dispõem de equipes multidisciplinares; ou para um dos três hospitais públicos da capital referenciados para o atendimento.
Segundo a diretora de Atenção à Saúde da capital, a médica Joacilda Nunes, os adultos são direcionados ao Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) ou ao Complexo Hospitalar Clementino Fraga. Já se o paciente for criança, o caso é encaminhado para o Hospital Arlinda Marques ou ao Clementino Fraga, que possui um ambulatório especializado em pneumopediatria. “Os encaminhamentos são feitos de acordo com o nível da patologia. Além disso, a equipe do PSF agenda os exames médicos que o paciente precisar fazer”, afirmou a diretora.
Nos demais municípios do Estado, a assistência é similar. A gerente executiva em Vigilância à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Talita Tavares, reforça que a atenção básica é oferecida pelas equipes do PSF. Já nas situações mais complexas, o paciente é encaminhado para o hospital mais próximo. “Qualquer hospital que tenha um clínico geral ou pneumologista está capacitado para atender portadores de problemas respiratórios, como asma e pneumonia. Além de consultas médicas, as pessoas realizam exames e se submetem a procedimentos terapêuticos”, enfatizou.
Fonte: Katiana Ramos-Jornal da Paraiba