Em quatro meses, Paraíba registra mais de 80 casos de acidentes por jararaca

Resultado de imagem para jararacaNa Paraíba, entre janeiro e abril deste ano, 82 casos de acidentes por jararaca foram registrados pelo Sistema de Informações e Agravos de Notificação (Sinan). Em todo o ano de 2018, o número chegou a 497 acidentes, ocasionando 5 mortes, conforme dados repassados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Esta espécie é a que mais causa acidentes no Brasil, de acordo com informações do Ministério da Saúde (MS). No Estado ocorrem dois tipos: um que é comum no bioma da Caatinga e o outro, na Mata Atlântica. Durante dois dias desta semana, a SES-PB promoveu uma capacitação para médicos e enfermeiros sobre o diagnóstico e tratamento dos acidentes por animais peçonhentos.

O biólogo, herpetólogo (especialista no estudo de répteis e anfíbios) e mestrando em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Willianilson Pessoa da Silva, ressaltou que as cobras jararacas são mais abundantes em todo o País, por isso é comum os acidentes provocados por esse animal. Na Paraíba se destaca a jararaca-sa-seca (Bothrops erythromelas), que ocorre na Caatinga e é tema de mestrado do estudioso, e que chega a 40 centímetros; e a jararaca-de-rabo-branco (Bothrops leucurus) que é recorrente na Mata Atlântica e pode chegar a medir até 1,5m de comprimento.

Ainda de acordo com o pesquisador, a perda do habitat, ou seja, o desmatamento de áreas para a construção de moradias ou pastagens, por exemplo têm contribuído para a serpente está mais perto de onde os humanos estão presentes. “As pessoas estão indo morar cada vez mais dentro da mata e encontrando o habitat das cobras’, frisou. Willianilson Pessoa da Silva informou que em apenas uma ninhada nascem 10 filhotes, o que acaba gerando um quantitativo representativo desses répteis.

Crianças e idosos são mais vulneráveis se forem picados pela jararaca, pois a imunidade é menor, assim como o volume de sangue é reduzido, se comparado com pessoas adultas. No caso, elas podem chegar a morrer. Quanto aos adultos, o risco é variável. “Dependendo da situação, tem mais tempo para tomar o antiofídico”, comentou.

Quanto a característica, o pesquisador informou que podem variar do cinza, marrom ou verde e por conta disso conseguem se camuflar no meio ambiente, principalmente na mata. Já as pequenas, comuns na Caatinga, estão em áreas mais secas e em troncos. Quando pequenas se alimentam de roedores e outras espécies que ficam no chão. Já adultas, lagartos e sapos. Lembrou ainda que as cobras não atacam, mas se defendem quando têm o seu habitat invadido.

O tratamento em caso de acidentes com serpentes é feito com o soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.

Conforme o Ministério da Saúde, o grupo, que inclui as jararacas, é o que causa maioria dos acidentes com cobras no Brasil, com 29 espécies em todo o território nacional, encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios e igarapés, áreas litorâneas e úmidas, agrícolas e periurbanas, cerrados, e áreas abertas.

Capacitação
Por meio da assessoria, o chefe do Núcleo de Controle de Zoonoses da SES, Francisco de Assis Azevedo, informou que os acidentes por animais peçonhentos são um dos agravos com maior notificação do MS. Ele afirma que a SES demonstra preocupação com esses dados e, por isso, convidou o ministério para realizar uma qualificação para os profissionais da Rede.

Na Paraíba, de 1º de janeiro a 30 de abril de 2019, de acordo com o Sinan, foram 82 casos de acidentes por jararaca, com utilização de 446 ampolas de soro antibotrópico (média de 5,4 ampolas por caso notificado), dentre os casos, nove notificações com duplicidade. 

Fonte: Jornal Correio da Paraíba.