MPT investiga 48 casos de exploração sexual infantil na Paraíba

Resultado de imagem para MPT investiga casos de exploração sexualDesde 2009, 293 procedimentos foram autuados pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) para investigar exploração sexual. Destes, 48 estão ativos atualmente sendo investigados e acompanhados pelo órgão, sendo 37 em João Pessoa e 11 em Campina Grande. Os dados são do ‘MPT Digital’ e colocam o Estado como o primeiro do país em número de investigações em curso sobre exploração sexual infantil.

Considerada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) uma das piores formas de trabalho infantil, a exploração sexual de crianças e adolescentes é combatida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). No período de 2010 a 2018, 22 ações judiciais foram propostas pelo MPT na Paraíba. Dessas, 10 foram Ações Civis Públicas (ACP).

Paraíba pioneira
“O caso que deflagrou a atuação do MPT contra a exploração sexual em todo o território nacional, sem dúvida alguma, foi o ‘Caso Sapé’”, informou o procurador do Trabalho Eduardo Varandas, coordenador adjunto da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância). “As investigações do ‘Caso Sapé’ confirmaram que comerciantes e autoridades locais (cidade de Sapé fica localizada na Zona da Mata da Paraíba, a 42 km de João Pessoa) exploravam sexualmente meninas de 12 a 16 anos por pequenas quantias em dinheiro. O caso ganhou repercussão nacional. Atualmente, temos casos até mais complexos, todavia, em razão do segredo de Justiça, não podemos mencionar”, acrescentou Varandas.

MPT faz alerta
O procurador do MPT-PB alerta sobre a ausência de políticas públicas efetivas de combate à exploração de todas as formas de trabalho infantil, entre elas, a exploração sexual. “Costumo dizer que a Paraíba é ‘açougue’ de carne de criança. Os conselhos tutelares estão desaparelhados e sem atenção prioritária do poder público. A assistência social a crianças e adolescentes em vulnerabilidade social é sofrível e não recebe a atenção devida da administração pública”, afirmou Varandas. “Os delitos praticados contra crianças e adolescentes não são devidamente investigados e a impunidade é a regra geral. Lamentavelmente, não cuidamos de nossas crianças”, lamentou.

Para o procurador, a base da proteção da criança é  o fortalecimento da família e da escola pública. “Por isso, precisamos de escolas públicas de qualidade com jornadas duplicadas (dois turnos) que atendam não apenas ao currículo básico de formação primária, mas incluam atividades desportivas, artísticas e de lazer”, apontou.

Assistência integral
Ainda de acordo com o procurador, também é preciso oferecer a assistência social às famílias que estão abaixo da linha pobreza. “Esse deve ser outro norte, com a geração de emprego decente para adultos a fim de evitar que as famílias ponham os filhos e as filhas para trabalhar nas ruas da cidade. As causas do trabalho infantil são a miséria e a ignorância e, enquanto não forem combatidas, teremos crianças exploradas e vilipendiadas em todas as cidades brasileiras”, concluiu.

Campanha
A campanha ‘É Proibido Cochilar’ tem o foco no enfrentamento à exploração sexual. A iniciativa é uma realização da Casa Pequeno Davi, Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente (Fepeti-PB) e Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB).

18 de Maio
Neste dia, em 1973, uma menina de 8 anos, de Vitória (ES), foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada. Seu corpo apareceu seis dias depois, carbonizado, e os seus agressores nunca foram punidos.

Com a repercussão do caso, e forte mobilização do movimento em defesa dos direitos das crianças e adolescentes, 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Desde então, esse se tornou o dia para que a população brasileira se una e se manifeste contra esse tipo de violência.

Fonte: Redação