Projeto ‘Xadrez na Praça’ estimula a prática do esporte na cidade de Várzea

No desejo de criar adversários e ao mesmo tempo, proporcionar uma atividade para ocupar o tempo ocioso de crianças e jovens de Várzea, no interior da Paraíba, o funcionário público Isaac Soares, 34 anos, resolveu desenvolver um projeto intitulado ‘Xadrez na Praça’, onde na verdade, o nome já diz tudo. Pelo menos três vezes por semana, inúmeros tabuleiros são montados na principal área de lazer da cidade e o único pré-requisito para aprender o esporte ou até mesmo aperfeiçoar algumas técnicas é ter vontade.

A história de Isaac com o xadrez iniciou-se há mais de duas décadas, quando ele ainda morava com a família na zona rural. Ele conta que nos horários vagos, o seu local preferido na escola era a biblioteca, e um dia, folheando uma enciclopédia, encontrou um capítulo que falava sobre o jogo, o que logo lhe causou curiosidade.

“Eu morava no sítio, como falamos aqui “no pé da serra”. Eu tinha mais ou menos 10 anos e fomos estudar na cidade. Lembro bem que não tinha internet, nem nada dessas tecnologias, então o jeito era aproveitar os livros na biblioteca. Estava vendo uma enciclopédia e já no finalzinho, vi a história do xadrez. Achei interessante o formato do jogo e copiei a parte do livro toda à mão, para quando chegasse em casa fazer algumas peças e começar a jogar”, relembra. Isaac também conta que na época precisou ensinar a um irmão e também dois amigos para não jogar sozinho.

Isaac garante que mesmo depois de casar e ter filhos, nunca se afastou do xadrez, tanto que logo quando Sara e Yasmin, de 12 e 10 anos, respectivamente, nasceram, ele logo foi inserindo as meninas no esporte e por causa delas ele resolveu iniciar um projeto com aulas de xadrez para a comunidade, exatamente em 2005.

Inicialmente as aulas aconteciam na Escola Estadual Odilon de Figueiredo, e para Isaac foi uma experiência interessante.

“A diretora me deu uma turma de 5ª série que era bem danada. Como também fui desse jeito quando estudava, acabei entendendo o que realmente eles precisavam. Conquistei a turma, e como o xadrez é um jogo que precisa de muita atenção, a diretora um dia ficou espantada quando foi na sala e viu o silêncio, com todos os alunos jogando”, relembra.

Batalha ao ar livre
Isaac entendeu que precisava apresentar o xadrez para um número maior de pessoas e resolveu implantar o projeto na praça central de Várzea, ao invés de deixa-lo apenas na escola. Ele garante que pelo menos três vezes por semana, os tabuleiros são montados nos bancos da praça e o único pré-requisito para jogar ou até mesmo aprender é ter vontade.

“Chega semana que todas as noites estamos na praça. A maioria são crianças e adolescentes, mas também temos adultos e até pessoas da terceira idade que estão despertando o interesse pela prática do xadrez”, conta.

Pai treinador, filha campeã
Sara e Yasmin, filhas de Isaac, herdaram a paixão do pai pelo esporte. Tanto que a mais velha (Sara), hoje com 12 anos, é a atual campeã paraibana e na edição 12-14 anos dos Jogos Escolares da Juventude, realizados em João Pessoa, ela ficou entre as dez melhores enxadristas do país. Yasmin também tem se destacado, conseguindo bons resultados em competições na região de Patos, cidade que polariza a prática do xadrez na região. O mais interessante é que o próprio Isaac acabou se tornando o técnico das filhas.

“Fiquei feliz demais com a classificação da minha filha. Sara treina bastante em casa e quando os Jogos Escolares terminaram, ela ficou muito contente com o resultado. Apesar de não ter voltado para casa com uma medalha, o objetivo mesmo era o de ficar entre as dez melhores do país, por isso foi realmente uma vitória. O que sempre falo para elas é que o esporte nos ensina coisas para a vida, como disciplina, foco e concentração. O quarto ponto é a coragem, que eu acho o mais fundamental de todos, pois você não usa só dentro do esporte, mas em toda a vida”, finalizou.

Fonte:  Correio da Paraíba